quinta-feira, 30 de junho de 2011

Piometra

De uma forma simplificada, a piómetra é uma infecção do útero. No entanto, a maioria dos casos de piómetra são mais difíceis de tratar que uma simples infecção. 

A infecção da parede do útero ocorre devido a certas modificações hormonais. Após o estro (“cio”), os níveis de progesterona (uma das hormonas envolvidas no ciclo menstrual) permanecem elevados durante 8 a 10 semanas, provocando um espessamento da parede do útero como preparação para a gravidez. Se a gravidez não ocorrer após vários ciclos, a espessura da parede continua a aumentar até que se formam quistos no seu interior. A parede quística espessada produz fluídos que criam o ambiente ideal para o crescimento de bactérias. Além disso, os níveis elevados de progesterona inibem a capacidade de contracção dos músculos da parede do útero, conduzindo à acumulação nociva destes fluídos. 

Que outras situações podem causar estas alterações no útero? 

A utilização de medicamentos à base de progesterona podem provocar o mesmo fenómeno. Adicionalmente, o estrogénio (outra hormona sexual) aumenta os efeitos da progesterona sobre o útero. Medicamentos que contêm alguma destas hormonas são por vezes usados para tratar certos problemas do sistema reprodutor. 

Como é que as bactérias chegam ao útero? 

O cérvix é a porta de entrada do útero. Ele está quase sempre fechado, abrindo no estro. Quando está aberto, as bactérias que se encontram normalmente presentes na vagina podem entrar no útero muito facilmente. Se o útero estiver normal, o ambiente é adverso para a sobrevivência das bactérias. No entanto, quando a parede uterina está espessada e quística existem as condições ideais para o crescimento bacteriano. Além disso, quando estas circunstâncias anormais se verificam os músculos do útero não conseguem contrair-se convenientemente. Isto significa que as bactérias que entram no útero não podem ser expulsas. 

Quando ocorre? 

A piómetra pode ocorrer em cadelas de qualquer idade após o primeiro cio. No entanto é mais comum em cadelas mais velhas. Após vários anos de ciclos éstricos sem gestação começam a ocorrer na parede uterina as alterações que favorecem esta doença. 

O momento típico para o aparecimento de piómetra ocorre 1 a 2 meses após o estro. 

Quais são os sintomas duma cadela com piómetra? 

Os sinais clínicos variam consoante o cérvix se encontre fechado ou aberto. Se estiver aberto, o pús acumulado no útero drenará para o exterior, notando-se um corrimento de aparência variável na vagina, na pele e pelo sob a cauda e até nos locais onde a cadela se tenha sentado ou deitado. Podem ainda notar-se febre, letargia, anorexia e depressão. 

Se o cérvix estiver fechado o pús que se forma não é drenado para o exterior. Acumula-se no útero, causando distensão abdominal. As bactérias libertam toxinas que são absorvidas para a circulação. Nestes casos, as cadelas normalmente ficam gravemente doentes em pouco tempo. Perdem o apetite e ficam apáticas e deprimidas. Podem ocorrer vómitos e diarreia. 

As toxinas bacterianas afectam a capacidade renal de filtrar e reter os fluídos. A produção de urina aumenta e as cadelas bebem água em excesso para compensar as perdas renais. Isto ocorre tanto nas piómetras abertas como nas fechadas. 

Como é diagnosticada? 

Uma cadela de aparência doente que beba demasiada água e não tenha sido esterilizada é sempre suspeita de sofrer de piómetra. Isto é especialmente válido se o abdómen estiver aumentado ou houver descarga vaginal. As cadelas com piómetra têm uma elevação marcada dos glóbulos brancos e das globulinas (um tipo de proteína produzida pelo sistema imunitário) no sangue. A densidade da urina é muito baixa devido aos efeitos tóxicos das bactérias sobre os rins. No entanto, todas estas alterações podem estar presentes em qualquer animal com uma infecção bacteriana grave. 

Se o cérvix estiver fechado pode realizar-se uma radiografia para identificar o útero aumentado. Se o cérvix estiver aberto, o aumento do volume uterino não é normalmente suficiente para que a radiografia seja conclusiva. A realização de uma ecografia é de grande utilidade na identificação de um útero aumentado e na sua distinção de uma gravidez normal. 

Como é tratada? 

O tratamento de eleição consiste na remoção cirúrgica do útero e dos ovários. Este procedimento chama-se ovario-histerectomia (esterilização). No entanto, a maioria dos pacientes está gravemente doente e a cirurgia não é tão rotineira como numa cadela saudável. Geralmente é necessário estabilizar o paciente através da administração de fluidoterapia intravenosa antes e após a cirurgia. Adicionalmente, é realizada antibioterapia durante 1 a 2 semanas. 

A minha cadela é uma reprodutora valiosa. É possível tratá-la sem a esterilizar? 

Existe uma abordagem médica ao tratamento da piómetra. As prostaglandinas são um grupo de hormonas que diminuem os níveis sanguíneos de progesterona, promovem o relaxamento e abertura do cérvix e a contracção do útero de modo a expelir as bactérias e o pús. Podem usar-se para tratar esta doença, mas nem sempre este tratamento é bem sucedido e existem algumas limitações importantes à sua utilização: 

1. Causam os seguintes efeitos secundários: agitação, respiração acelerada, náusea, vómito, defecação, salivação e dor abdominal. Estes efeitos manifestam-se cerca de 15 minutos após a injecção e duram algumas horas. Tornam-se progressivamente mais ligeiros com cada injecção subsequente e podem ser reduzidos passeando a cadela durante 30 minutos após a injecção.

2. Não ocorrem melhoras clinicamente relevantes nas primeiras 48 horas e por isso as cadelas que se encontrem severamente doentes são más candidatas a este tratamento.

3. Como provocam a contracção do útero, existe o risco de ruptura da parede uterina e disseminação da infecção para a cavidade abdominal. Isto é particularmente provável quando o cérvix se encontra fechado. 

Existem alguns dados estatísticos importantes que deve conhecer acerca desta forma de 
tratamento: 

1. A taxa de sucesso no tratamento de piómetra aberta é de 75-90%. 
2. A taxa de sucesso no tratamento de piómetra fechada é de 25-40%. 
3. O risco de recidiva da doença é de 50-75%. 
4. As hipóteses de sucesso num cruzamento subsequente são de 50-75%. 

O que acontece se nenhum dos tratamentos anteriormente descritos for realizado? 

As hipóteses de sucesso num tratamento de piómetra sem recurso à cirurgia ou à administração de prostaglandinas são extremamente baixas. Se o tratamento adequado não for realizado rapidamente os efeitos tóxicos bacterianos serão fatais. Se o cérvix estiver fechado é possível ocorrer a ruptura do útero, disseminando-se a infecção à cavidade abdominal e estabelecendo-se uma peritonite. Isto também será fatal.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Dermatite Alérgica Causada por Pulgas - DAP



Existem cerca de 2000 espécies de pulgas no mundo. Mas, uma espécie preocupa
mais os proprietários de animais : "felis ctenocephalides " - a pulga dos
animais de estimação.
O gato pode adquirí-la passeando na rua ou no próprio
quintal, prédio ou carro onde possa ter acesso a outros animais, visto que as
pulgas são capazes de pular até 30 cm. Não precisa haver um contato
direto.
As pulgas são hematófagos, isto é, alimentam-se do sangue das pessoas
ou dos animais os quais estejam parasitando, causando na ocasião dessa
alimentação, irritação na pele, provocando coceira, porque injetam sua saliva
para o sangue não coagular ( anticoagulante ) e, esta saliva é que provoca a
coceira.
Além de provocarem coceira, as pulgas transmitem vermes, parasitas
sangüíneos e podem induzir a processos alérgicos, prejudicando a qualidade de
vida dos animais domésticos.
A fêmea da pulga deposita seus ovos no animal e,
como não se fixam, caem no ambiente onde apenas dependem da temperatura e da
umidade para eclodirem em larvas, num período de até 10 dias. Em 5 a 11 dias
formam um casulo, onde ocorre a forma de pupas que, podem transformar-se em
pulgas adultas se houver animais ou pessoas no ambiente. Caso contrário, as
pulgas podem permanecer no casulo por até 140 dias. O ciclo de vida completa-se
em 3 a 4 semanas e as pulgas vivem no animal por mais de 100 dias.

Os
gatos são vítimas de um parasita sangüíneo chamado hemobartonella felis,
transmitido pela picada da pulga, causando a doença denominada hemobartolenose,
que causa uma anemia que pode tornar-se crônica.
A dermatite alérgica por pulgas ( DAP ) é a doença
dermatológica
veterinária mais comum no mundo.
As pulgas que
transmitem larvas de tênia , causam anemia e reações alérgicas em alguns gatos,
concentram-se no pescoço e na base da cauda - regiões mais quentes do
corpo.

O objetivo do controle de pulgas é eliminar as pulgas adultas em
todos os animais da casa tanto quanto pulgas imaturas no ambiente. O melhor
método abrange medidas mecânicas, físicas e químicas. Tapetes, carpetes, camas,
etc. devem ser aspirados. A cama do animal deve ser lavada.
Existe uma grande
variedade de produtos químicos que podem ser usados no ambiente e nos animais e,
cada um tem sua indicação específica - produtos esses receitados pelo médico
veterinário.
É preciso controlar as pulgas mantendo a higiene no ambiente em
que o gato vive, para evitar a reinfestação.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Miiase ou Bicheira




Uma das afecções mais comuns nesta época do ano são animais que vem ao nosso
hospital com feridas profundas, mal cheirosas
e as vezes de Grande extensão. Quando olhamos o
interior DA lesão podemos ver várias larvas de cor branca se
movimentando. Na verdade estas larvas de mosca varejeira estão
se alimentando do tecido (carne) do animal.

Moscas varejeiras






Moscas varejeiras colocam OS ovos em feridas abertas de
animais ou do homem. Em alguns casos, as larvas alimentam-se de tecido em
decomposição ou supuração, mas na maioria das vezes atacam tecidos vivos
causando o que chamamos de miíase ou
bicheira.

Daí a importância de qualquer ferimento na pele, ouvido,
olhos, boca, reto, prepúcio e vagina de cães e gatos serem limpos e curados até
2 vezes ao dia.

Esta mosca está presente em toda a cidade e quem pensa que
porque mora em apartamento está livre delas, está enganado.

Ela deposita na beirada DA ferida do animal OS ovos (
aspecto branco e cheio de micro casulos) que em questão de horas já se tornaram
larvas e infestam o animal.

O tratamento é a retirada das larvas, limpeza DA ferida
diária até a cicatrização DA ferida e medicação oral. Precisamos encontrar a
causa primária do problema, ou seja, porque o animal tinha esta ferida que
atraiu a mosca, e tratá-la.

A cura pode levar dias ou semanas para a cicatrização total.

Observação: muitas pessoas antigamente tratavam
bicheira com creolina o que acabava
intoxicando o animal, criando uma queimadura química e piorando muito o processo
podendo até mesmo causar a morte deste.